terça-feira, 14 de agosto de 2018

Percepção Temporal



“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu:
tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou...”
Eclesiastes 3:1,2

Tudo tem o seu tempo, mas como entender esse tempo ou melhor, qual é nossa percepção desse tempo?
O passar do tempo se mostra um tanto subjetivo, há ocasiões onde o tempo parece voar, já em outros o tempo parece congelar, depende da percepção temporal, ela acontece em nossa consciência, sem dúvida está na capacidade que a mente humana tem em atribuir significados a realidade, ainda que esta realidade não seja em si uma verdade, uma vez que a percepção do real não está isolada das concepções ideológicas, culturais, sociais e históricas do sujeito que se põe a perceber essa realidade, como já colocado, é subjetivo.
Em fenomenologia a realidade apresenta dualidade, pois uma é a realidade em si e outra é a realidade que a mente humana percebe, nisto a realidade poderia se contrapor a verdade, se o sujeito recebe em sua mente significados da realidade que não seja a realidade em si, passa-se apenas a uma construção subjetiva da consciência em relação ao que seria a realidade, podendo ser verdade para um observador e não para o outro ou ainda, a essência da realidade não estaria nem em um nem em outro, ou talvez nos dois.
A percepção temporal é subjetiva, pertence a capacidade consciente do sujeito a partir de suas construções, um dia que passa voando para um pode ter sido percebido por outro como tendo demorado a passar, então se o tempo de vida que temos é em si uma realidade imutável, minha percepção dele não o é, depende da minha consciente percepção do mesmo.
A neurociência faz uma análise da maneira como o sistema cerebral registra a passagem do tempo, estudiosos da área dizem que isto acontece de forma bem flexível uma vez que considera as expectativas, emoções, nível de ansiedade, entre outros fatores, assim o estado do ser como um todo, influenciará em sua percepção temporal, ou seja, em como seu cérebro percebe a passagem do tempo.
Se uma pessoa vive apenas com lembranças de bons tempos que já passaram, trazendo a mente suas descobertas ao longo dos anos que se foram, mas vive o presente engessado, sem se permitir a novas descobertas, quando se dá conta, muito tempo já passou e não fez nada. Já se essa mesma pessoa busca o novo, faz planos e mantem uma perspectiva positiva de vida, ela se redescobre a cada dia e percebe como o tempo rendeu, pois fez muitas coisas profícuas.
Apesar das muitas ocupações distraírem a mente trazendo uma percepção de velocidade ao tempo e isto, acontece na rotina diária que embora tudo se registre no subconsciente, muito pouco desses afazeres fica registrado no uso contínuo da memória.
Quando falamos nos momentos memoráveis, ainda que se diga que “o que é bom dura pouco,” os fatos que nos são prazerosos ou que nos permiti descobertas e realizações de algo novo, fica registrado e sempre presente no consciente, assim este tempo bem empregado não passa voando, a percepção temporal o vê como proveitoso e válido no que está sendo empregado, por isso este tempo passa com velocidade aceitável de acordo com a nossa percepção.  
Concluindo, independente de nossa vontade o tempo passa, mas como ele passa, depende em muito da minha percepção temporal, se tudo tem o seu tempo, que cada um destes "tempos" passem pelo crivo da consciência existencial, e essa mesma seja fundamentada na fonte da vida em quem todas as coisas se convergem.

“Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive. Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho, é um presente de Deus. Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que os homens o temam.
Aquilo que é, já foi, e o que será já foi anteriormente; Deus investigará o passado.
Eclesiastes 3:12-15


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