Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família que tornou
possível sua realização.
Agradecimentos
Agradeço a todos que direta e indiretamente
cooperaram para o sucesso da minha formação.
Citação
“A medida
que aumenta o conhecimento científico diminui o grau de humanização do nosso
mundo. O homem sente-se isolado no cosmos porque, já não estando envolvido com
a natureza, perdeu a sua "identificação emocional inconsciente" com
os fenômenos naturais. E os fenômenos naturais, por sua vez, perderam aos
poucos as suas implicações simbólicas.”
Carl Gustav Jung
Introdução
Os
sintomas psíquicos não são exclusividade de um grupo ou tipo de pessoa, é
inerente a todos. Questões como ansiedade, depressão, angústias e até simples
frustrações em afazeres do dia a dia, geram conflitos internos que afetam todas
as pessoas, em geral. Nesta pesquisa abordaremos esses males e como o
indivíduo, que é cristão protestante no exercício da sua fé, lida com tais
realidades. Vivendo em um sistema religioso que por vezes vê a depressão como
falta de Deus, discorreremos neste trabalho sobre o fato de que uma pessoa
cristã protestante, não está isenta de tais sentimentos. O cristão protestante
também sofre ansiedade, depressão e angústia? Ele pode buscar auxílio na
terapia psicanalítica com profissionais qualificados?
Se faz
relevante analisar se na busca pela resolução dos conflitos internos, o cristão procura a cura
na prática de sua fé e crença religiosa em lugar da terapia psicanalítica, por
motivos de pressão e constrangimento ou se é por decisão própria. É o objetivo
desta pesquisa, a investigação sobre se há ou não incompatibilidade entre a
profissão de fé e o atendimento terapêutico oferecido pela psicanálise.
Neste
trabalho, a partir de pesquisa bibliográfica,
abordaremos o surgimento do cristianismo protestante na história e seu
desenvolvimento e em seguida, discorreremos sobre o que é a psicanálise e sua abordagem dos sintomas
psíquicos como ansiedade, depressão e
angústia. Seguindo, apresentaremos passagens bíblicas com personagens sofrendo
tais males e a presença deles hoje na vida do cristão protestante. Concluiremos
apresentando se a análise psicanalítica, feita por profissionais qualificados,
é ou não um caminho de auxílio possível independente da fé que o indivíduo
professe.
1. O Surgimento do Cristianismo Protestante
A base
historiográfica para conhecimento e compreensão do surgimento do cristianismo
protestante está na bíblia. Nas sagradas escrituras encontramos a narrativa da
criação do mundo e o desenrolar da história da humanidade a partir da ótica
cristã. Embora a bíblia para o cristão, seja muito mais que um simples livro
que conta uma história, sendo ela acima de tudo a revelação de Deus e sua
palavra transmitida ao homem, levando em conta seu peso espiritual e também
histórico, nos fundamentamos nela para apresentar o início do cristianismo.
No livro
de Gênesis temos a narrativa do homem criado por Deus cometendo o pecado da
desobediência contra seu Criador. A atitude de comer do fruto proibido fez
entrar o pecado no mundo fazendo a separação entre o homem e Deus. Depois de
milhares de anos, a relação de Deus com um povo específico escolhido por
ele, a narrativa bíblica chega ao Novo
Testamento e nos apresenta o evangelho. Em João é descrito o Verbo encarnado de
Deus, Jesus Cristo que vem ao mundo oferecer sua vida para pagar pelo pecado
cometido pelo homem.
Os
evangelhos narram a vida de Jesus, seus ensinamentos, morte e ressurreição e
avançando para o livro de Atos a partir dos apóstolos, encontramos a
continuação da mensagem salvadora de Cristo. A partir da pregação dos apóstolos
e de outras pessoas que iam se convertendo, os mensageiros do evangelho
passaram a ser chamados de cristãos tornando conhecido assim o cristianismo.
O Império
Romano foi um algoz do cristianismo nos primeiros séculos, até o século IV
quando o imperador Constantino supostamente se converte ao cristianismo e o
torna religião oficial do estado. Diante de todo sincretismo religioso,
interesse político e distorção dos princípios cristãos, cessam a s perseguições
aos cristãos, que agora recebem templos antes dedicados a cultos de diferentes
deuses, estabelecem a Igreja Católica desenvolvendo ao longo dos anos suas
diretrizes e doutrinas.
Já tendo
passado pelo Grande Cisma no século XI, quando a igreja católica se divide em
duas, outro grande acontecimento se concretiza no século XVI, a Reforma
Protestante. Monges da igreja católica entre outros oficiais da igreja, com
destaque para Martinho Lutero, se posicionaram contrários aos ditames católicos
que aos olhos de muitos estavam corrompidos. Esse posicionamento buscava reformar
a igreja, mas resultou em um rompimento. A igreja católica seguiu existindo e
os dissidentes passaram a ser chamados de cristãos protestantes e reformados.
Neste
ponto da história é iniciado a diversidade denominacional existente no meio
cristão protestante. Com o passar dos anos surgem batistas, presbiterianos,
metodistas, congregacionais entre outros. Essas denominações que hoje são
chamadas de tradicionais e históricas, dão origem a uma vasta gama de outras
denominações que conhecemos atualmente. Todas ao seu modo, interpretam a bíblia
e encaixam suas narrativas nas suas vontades doutrinárias. O cristião
protestante hoje é identificado como evangélico, aquele que pertence ao
movimento gospel, o que muitas vezes descaracteriza o cristianismo protestante
e reformado. É nesse contexto, que abordamos o cristianismo protestante para
discorrer sobre sintomas psíquicos passíveis aos seus praticantes.
Conhecendo
o cristianismo protestante, seu surgimento e história, sua presença hoje no
mundo, podemos trabalhar com maior propriedade a maneira como as terapias que
se ocupam do estudo da mente são recebidas nesse meio. Nessa pesquisa tomaremos
especificamente a psicanálise como
referência. Para discorrer sobre o uso da terapia psicanalítica e sua
capacidade de auxílio nos transtornos psíquicos, tanto para um público geral
quanto especificamente para aqueles que professam sua fé e prática no
cristianismo protestante, entendemos que se faz necessário apresentar o que é a
psicanálise, como funciona sua metodologia, o que é para ela a depressão,
ansiedade e angústia. Esses pontos compõem o que apresentaremos no tópico a
seguir.
2. Conhecendo o que é a Psicanálise. Depressão,
Ansiedade e Angústia.
No caminho
rumo ao conhecimento do que é a psicanálise, voltamos a atenção para aquele que
é considerado o pai deste método, Sigmund Freud. Nascido em 6 de maio de 1856
em uma vila morávia em Freiberg, de família judaica, ainda criança se muda para
Viena onde mais tarde ingressa na Universidade de Viana e cursa medicina. Em
seus estudos, as doenças relacionadas à mente humana se tornaram seu principal
foco, ele se forma em neurologia e segue se aprofundando nos estudos da psique.
Freud
passou um período se especializando na França, estudando com Charcot e de volta
a Viena, desenvolve suas pesquisas e trabalhos com Breuer. Neste período, Freud
tem contato com a hipnose e método catártico, abordagens que abandona
posteriormente passando então a livre associação que se torna base no
desenvolvimento do método psicanalítico. No seu percurso estuda a histeria, a
fonte de surgimento das neuroses, se aplica ao estudo da sexualidade e sua
relação com tais sintomas, revoluciona ao publicar a Interpretação dos Sonhos, além de deixar como legado a afirmação da
existência do inconsciente, a estruturação da psique humana entre muitas outras
construções que abrem as portas para a fundamentação da psicanálise, sua
existência e surgimento, assim como abre caminhos para tantos outros que o
sucedeu.
Podemos
definir a psicanálise como um método terapêutico, uma técnica de investigação
da mente que trabalha com informações do inconsciente que são externadas de
diferentes formas. Ela segue pelo caminho da ciência interpretativa hermenêutica,
onde o psicanalista vai analisar e interpretar a fala do analisando visando
tratar os conflitos internos. O atendimento clínico tem como base a escuta,
quando o paciente fala e o psicanalista ouve, cabendo ao terapeuta manter a
atenção flutuante na aplicação do método da associação livre.
Diante do
que já foi exposto, podemos melhor fundamentados, especificar a abordagem da
psicanálise sobre depressão, ansiedade e angústia. A psicanálise é um método de
investigação, neste sentido o trabalho terapêutico busca a origem do problema,
o que pode ter ocasionado o problema que está se manifestando no indivíduo. Não
se trata de um simples acompanhamento e intervenções no padrão comportamental,
mas a psicanálise mergulha na análise profunda da gênese do sintoma. Neste
sentido, depressão, ansiedade e angústia são sinais aparentes de algum
desequilíbrio emocional, algo ocorrido no passado que pôde naquele momento não
ter sido bem recebido e trabalhado, e que no presente expressa-se como uma
patologia. O método psicanalítico vai em busca da causa e possíveis caminhos de
cura.
Existe uma
neurose como pano de fundo que ocasiona a depressão. Entender o conflito
interno que surge com o desejo inconsciente que se mostra incompatível com a
realidade do mundo externo, permite elucidar a causa, e assim tratar com maior
propriedade o sentimento depressivo expresso pela pessoa. Da mesma maneira
segue o entendimento sobre ansiedade, ainda que seja natural ter ansiedade, a
permanência excessiva do estado ansioso no indivíduo é o que se caracteriza
como um problema. Tanto a depressão quanto a ansiedade, revelam um estado
emocional de desequilíbrio interno. A pessoa nesse estado tem dificuldades nas
tarefas simples do dia a dia, desenvolve sintomas psicossomáticos, enfrenta
problemas para lidar com a realidade dos acontecimentos da vida, encontra
barreiras nas relações interpessoais entre muitos outros sintomas que conduzem
a tristeza e sofrimento.
Quanto a
angústia, ela apresenta uma condições que perpassa por vários outros pontos
abordados pela psicanálise. A angústia desperta uma condição existencial, se
mostra como um profundo estado de sofrimento, apresenta um conjunto de
sentimentos que desencadeia um turbilhão de sentimentos e emoções que apertam o
peito, geram medo e terrores os quais o indivíduo sofrendo desse mal, não
consegue compreender gerando o desespero de um vazio existencial. Com esses
pontos expostos e melhor compreendidos, passaremos a alguns exemplos na bíblia
onde poderemos constatar a possibilidade desses sentimentos presentes em alguns
personagens bíblicos.
3. Exemplos
Bíblicos
No livro
de Jó (7.11-16) temos um exemplo muito claro do estado abatido que Jó se
encontrava. Havia uma inquietude em sua alma causada pelos acontecimentos
inesperados em sua vida.
Nesta
passagem Jó fala sobre a aflição do seu espírito e amargura de sua alma, fala
sobre não conseguir descansar durante o sono, pois é atormentado e ainda sobre
desejar morrer em lugar de viver assim. Todas estas palavras expressam um
estado depressivo, a realidade de alguém que por acontecimentos externos teve
seu interior bombardeado. A não compreensão dos fatos ocorridos, a dificuldade
de lidar com a situação adversa, geram um desequilíbrio emocional.
Vivendo
esta realidade Jó tem sua visão sobre a vida distorcida, e leva um longo tempo
até conseguir se recuperar, e isso acontece quando ele entende que as causa de
suas aflições são passíveis a todos quer sejam fiéis a Deus ou não, este ponto
é importante para salientar que mesmo um cristão fiel, está sujeito aos
sintomas psíquicos que podem surgir ao longo da vida. Não é culpa de Deus tais
sofrimentos e não é culpa da pessoa o estado depressivo em que se encontra, são
apenas situações inerentes a todos.
Outro
exemplo é do apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios (2 Co.1.8 e 7.5). Ele
relata ter passado por sofrimentos que o fizeram acreditar que não suportaria,
a ponto de acreditar poder perder a vida. Em outro momento ele cita os combates
que tiveram fora do corpo e os combates internos. Entendemos aqui, como em
outras passagens que poderiam ser citadas, que no caminhar do apóstolo, muitas
situações traziam tristeza, abatimento e desânimo.
Muitas
foram as adversidades vividas por este apóstolo e ele não nega as suas
profundas tristezas, da mesma forma hoje, situações podem levar o cristão a
este estado. Dentro do contexto do atual do modo de vida em que a sociedade
experimenta, muito diferente do apóstolo, a humanidade aflora da mesma maneira
por causas que podem ser diferentes, mas que resultam nos mesmo fatores
sintomáticos de desequilíbrio emocional.
Temos em
Jeremias 20.14 outro claro exemplo dos sintomas psíquicos. O profeta lamenta o
fato de ter nascido tamanho seu estado, aí nesse caso, de angústia. A realidade
se mostra tão diferente do desejo do seu coração, a ponto de embaçar sua visão.
Jeremias tinha expectativas diferentes daquela que os seus olhos viram
acontecer ao seu redor, lidar com tais situações se mostra difícil para ele.
Entender o que gerou tais sintomas e buscar o equilíbrio tendo clareza dos
fatos, se mostra como um caminho para resolução do sentimento de angústia.
Contextualizando a situação de Jeremias vale ressaltar dois pontos, um é sua fé
e certeza na promessa de Deus, fato ligado a sua profissão de fé, e outra é a
capacidade de compreender os processos da mente e a possibilidade de
estabelecer um equilíbrio.
Citamos
mais um exemplo que nos é apresentado no livro de Rute com destaque para o
capítulo 1.1-6. Nesta passagem é narrada a história de Noemi, e a perda de seu
marido e filhos a deixando só com suas noras. A perda de seus familiares fez
com ela entrasse em um profundo estado depressivo. ela foi acometida de
ansiedade e angústia diante dos fatos que vivenciou.
A perda de
entes queridos comumente gera sentimentos de ansiedade, depressão e angústia. O
sentimento de perder alguém do convívio e a certeza do vazio que permanecerá
pode resultar em dificuldades para manter o equilíbrio interno. No contexto
vivido por Noemi, ela se considerava inválida naquele momento da vida quando se
sentia como alguém inútil que não despertaria o interesse nos outros de manter
com ela um vinculo.
Fechando
os exemplos de personagens bíblicos citamos o profeta Elias. O capítulo 19 de 1
Reis nos apresenta um desejo de morte que o profeta expressou. As adversidades,
tanto as passadas quanto as que estava a viver naquele momento, sufocavam tanto
sua alma que o desespero tomou conta aflorando o desequilíbrio emocional. Mesmo
sendo um fiel seguidor de Deus, mesmo contanto com sua ajuda divina, Elias não
esteve isento de sentir angústia. As escrituras revelam que no relacionamento
com o homem, Deus não o exime dos sentimentos e emoções que compõem a estrutura
psíquica humana. Todos estão passíveis a depressão, ansiedade e angústia.
3. O
Preconceito Existente
A palavra
preconceito diz respeito a uma opinião ou forma de pensamento sobre um assunto
onde, as formulações e conclusões nunca estão fundamentadas sobre a verdade,
são apenas expressões do desconhecimento e medo. É muito comum pessoas
afirmarem suas opiniões sobre temas que não conhecem e não buscam conhecer. As
influências que recebem determinam suas
conclusões não abrindo margem para a reflexão, estudo e pesquisa, que sãos os caminhos
para compreender questões como o uso da psicanálise no meio cristão
protestante.
A
psicanálise se desenvolveu em um longo caminho, embora reconhecidamente esteja
sempre ligada a Freud seu precursor, a psicanálise se expandiu para muito além
do pensamento dele. Muitos outros pensadores surgiram e abriram um leque de
possibilidades traçando caminhos que tornaram a psicanálise muito mais do que
simplesmente freudiana. Não se deve julgar o que é o método psicanalítico a
partir da biografia de Freud, mas sim levando em consideração todo o conteúdo
hoje presente na construção de suas bases.
As
críticas e preconceitos no meio cristão protestante que comumente surgem, estão
sempre ligadas ou ao comportamento antireligioso de Freud, ou a pressupostos de
seus estudos que não coadunam com princípios cristãos. Porém se seguirmos
adiante, muitas formulações e pesquisas renderam descobertas extraordinárias
que inquestionavelmente contribuem de forma revolucionária para os processos
terapêuticos de cura dos sintomas psíquicos. Entendemos que assim como a
história da psicanálise nos conta, independente da fé que o indivíduo professe,
ele pode discordar de algumas teorias se em sua base de conhecimento ele
desenvolve uma ideia que se mostre melhor fundamentada ou que simplesmente,
siga um caminho diferente da primeira. Como fez Jung, que naquilo que
discordava, se aplicou a estudos e pesquisas que abriram as portas para novos
caminhos e possibilidades, mas sem desconstruir a base.
Não se
trata neste sentido de descartar conhecimento, mas o psicanalista hoje tem um
vasto conteúdo com diferentes nomes de peso para se aplicar e buscar
desenvolver sua prática, a partir daquela linha que melhor se identifica. Não é
uma divisão da psicanálise, mas sim um uso de todas as ferramentas disponíveis
e na prática, o terapeuta faz uso daquelas que coaduna com sua busca e
trabalho, sempre se mantendo profissional e fundamentado no método, sem
achismos ou invenções. O preconceito em relação ao uso da psicanálise nem
sempre parte do cristianismo protestante, mas muitas vezes do próprio analista,
neste caso sem generalizar, que desafia seu analisando em relação a sua fé,
tomando uma atitude antiprofissional e mal calculada. Embora possa transitar
pelas diversas possibilidades no tratamento analítico, o psicanalista faz uma
aplicação que provadamente, não rende um bom resultado.
Voltando
as atenções para o preconceito no contexto da prática da fé cristã protestante,
a depressão, ansiedade e angústia ainda são mal compreendidas. O que cada um
delas são, precisa ser esclarecido e apresentado de forma correta, de maneira
que o cristão protestante construa seu pensamento sobre uma base sólida de
conhecimento. Dentro do fundamento cristão, o homem sofre seus males e aflições
devido ao pecado que cometeu contra Deus, na desobediência no Jardim do Éden.
Entre outros males, as doenças físicas e também psicológicas surgiram como
resultado de uma destituição da glória de Deus. Neste sentido não há como
selecionar o que pode ou não ser tratado pela ciência médica, seja física ou
mental, a patologia tem um tratamento profissional que em nada se choca com a
profissão da fé. Não se trata de curas alternativas a partir de práticas de
espiritualidade, mas de métodos científicos desprovidos do cunho religioso.
Na análise
clínica psicanalítica, o desafio e confrontamento, a desconstrução e construção
fazem parte do processo. No processo de investigação da mente, na busca das
expressões do inconsciente o caminho não é simples, fácil e imediatista. Buscar
auxílio na psicanálise resulta e olhar para dentro de si e muitas vezes
enxergar um eu até então desconhecido. Vai gerar rupturas e mudanças, mas todas
no sentido da cura dos sintomas psíquicos, ou mesmo um despertar para od
devaneios do meio cristão protestantes e suas distorções da verdade, mas esses
são pontos a parte da profissão de fé. Crer em Cristo e praticar a fé cristã
protestante não gera neuroses, o que a gera é a desconstrução dos princípios e
a manipulação exercida por líderes oportunistas. O mal não está na fé que o
indivíduo professa, mas na falta do seu conhecimento a respeito da fé que
abraça, se tornando uma pessoa manipulada por invenções de caráter humano
distorcendo a verdade.
Conclusão
O cristão
protestante não está isento dos sintomas psíquicos. Ele vai em algum momento da
sua vida, em algum grau, sentir os sintomas da depressão, ansiedade e angústia.
Pode ser para alguns um processo que ocorre com maior profundidade, para outros
de maneira mais suave, mas todos sem exceção, experimentarão em algum momento
de sua vida esses sintomas que são inerentes a todos.
É
aconselhável ao cristão protestante buscar auxílio na terapia psicanalítica
quando estiver diante de situações que afligem sua vida. Deve-se ter atenção em
relação ao profissional, a sua formação, ambiente em que atende e suas
referências, esses são cuidados comuns a todos. Procure conhecer a linha que o
terapeuta se identifica e segue, busque explicação de como se desenvolverá o
processo e tenha sempre com muita clareza todo o andamento das seções. A
psicanálise é um método de investigação da mente, o profissional qualificado
tem por base o uso do método, sem acrescentar suas opiniões e achismos,
respeita o processo no uso da técnica.
A presente
pesquisa fornece informações que permitem concluir que não existe
incompatibilidade entre a profissão de fé cristã protestante e a psicanálise.
Ambas são distintas em seus objetivos. A psicanálise não faz uso de
religiosidade e nem espiritualidade, não julga ou condena a prática de fé do
analisando, não gera no processo escolha entre um e outro e não desencaminha o
indivíduo de sua prática cristã. A terapia psicanalítica tem por base a
aplicação do método investigativo, usa um conjunto de procedimentos e recursos
técnicos no tratamento das causas dos sintomas emocionais que afetam a psique
humana.
Referências
bibliográficas
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FREUD, Sigmund. Obras completas volume 16. O Eu
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Souza. São Paulo: Companhia das Letras,
2012.
FREUD, Sigmund. Obras completas volume 16.
Moisés e o Monoteísmo, Compêndio de Psicanálise e Outros Textos (1937 - 1939).
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GAY, Peter. Freud: uma vida para o nosso tempo /
Peter Gay; tradução de Denise Bottmann; consultoria editorial Luiz Meyer. - 2a
ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Jung, Carl G. O Homem e seus Símbolos. Edição
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Editora Nova Fronteira, 1964.
LE BON, Gustave. Psicologia das multidões.
Tradução de Ivone Moura Delraux. Título original: Psychologie Des Foules.
Presses Universitaires de France, 1895. Edições Roger Delraux, 198O, para a
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