segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Reforma Protestante



Introdução

A Reforma Protestante não ocorreu em ato único. Ao longo de vários anos os acontecimentos se desenrolaram preparando o caminho para que ela acontecesse. Apresentarei sucintamente dois momentos da reforma. Uma com Lutero na Alemanha e outra com Zuínglio na Suíça. Mas antes disso vejamos um pouco do que antecedeu a Reforma Protestante.

Antecedentes da Reforma

Nos anos anteriores a reforma a igreja católica se encontrava em um profundo estado de corrupção e afastamento dos princípios bíblicos. A igreja tinha enorme influência política e econômica na chamada Idade Medieval (séc. V ao XV). Por volta do século XII com o declínio papal, um clamor se espalhou pela Europa pedindo mudanças na igreja.
Ao longo dos anos surgiram importantes nomes que sucederam a Reforma Protestante e contribuíram para seu acontecimento. Entre os muitos grupos citamos o nome de alguns pré-reformadores como John Wycliffe, Jan Hus e Jerônimo Savonarola. O posicionamento destes homens, contrários aos pecados cometidos por anos pela igreja católica, foram sementes lançadas que mais tarde dariam seus frutos.

A Reforma Protestante (Martinho Lutero - Alemanha)

A igreja católica vinha recebendo impostos altíssimos, era dona de grandes extensões de terra e detinha muita riqueza. Tudo isso conferia luxo aos clérigos ao contrário do povo que vivia na miséria. Muitos reis e príncipes na Europa tinham interesse de romper com o domínio da igreja. Essa seria uma forma de consolidarem seu poder e não mais se sujeitarem as autoridades papais. Com isso, parecia haver um campo propício a proposta da reforma.
Foi a cobrança de indulgencias (a igreja cobrava para perdoara pecados), o estopim para que Lutero escrevesse suas 95 teses protestando contra as faltas praticadas pela igreja. A igreja era considerada por seus líderes como a detentora da salvação que de acordo com seus interesses políticos e econômicos, poderia perdoar ou condenar qualquer pessoa. A igreja nessa época se colocava acima da autoridade bíblica, a palavra de seus líderes estava em primeiro lugar. A corrupção dominava o cenário religioso. O devaneio da igreja católica chegou em um ponto onde não se podia mais suportar.
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero fixa suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg na Alemanha e inicia o que ele gostaria que fosse uma reforma. Mas na verdade o que ocorreu foi um rompimento. Assim surgiram os protestantes apontando os desvios cometidos pela igreja católica na época. Foi uma busca para que a igreja voltasse aos princípios bíblicos onde Jesus é o cabeça da igreja e o centro de tudo.
Lutero entendia que “o justo viverá pela fé.” A igreja pregava uma salvação dependente das obras. Quem tinha dinheiro para pagar, poderia ser perdoado e salvo. A salvação em Cristo estava sendo vendida pela igreja católica. Ao se posicionar contrário a isso, Martinho Lutero acabou excomungado oficializando assim seu rompimento com o catolicismo (embora não tivesse essa intenção). Sua atitude se tornou um marco e dali para frente, outros movimentos protestantes tomaram a Europa e a igreja católica seguiu perdendo sua hegemonia.

A Reforma Protestante (Ulrico Zuínglio - Suíça)

Zuínglio exercia seu sacerdócio na igreja em Zurique, Suíça. Ele entrou em conflito com algumas determinações da igreja católica pregando contra vários pontos de desvio. Diante dos erros praticados pela igreja Zuínglio vê a necessidade de uma reforma. Ele escreveu 67 artigos que ficaram conhecidos como a Carta Magna da Reforma Protestante de Zurique. Nela defendia a autoridade das escrituras, salvação pela graça e o sacerdócio que deveria ser exercido por todo cristão.
A partir de 1523, a cidade de Zurique experimenta uma transformação na fé. O protestantismo cresce e surgem as igrejas reformadas naquela região. A partir deste movimento destaca-se o surgimento dos anabatistas. Esses foram extremamente incisivos na busca pelo afastamento da igreja católica criticando até mesmo o próprio Zuínglio em dado momento.   
Vale ressaltar que apenas em 1529, no Colóquio de Marburg convocado pelo príncipe Filipe de Hesse, Lutero e Zuínglio se encontraram. Debateram sobre várias questões concordando em muitas. Mas no fim não se uniram, pois não encontraram um ponto em comum para caminharem juntos. Nisto cada reformador seguiu seu caminho.

Acontecimentos Pós Reforma 

Milhares de pessoas se convertiam ao protestantismo por toda a Europa. Um reformador se destacou neste cenário, João Calvino. Ao contrário de Lutero, Calvino não buscava uma reforma, mas rompimento com o catolicismo e a instauração de uma nova instituição religiosa reformada. Desta forma, após a reforma surgiram várias ramificações protestantes como os luteranos, calvinistas, anglicanos entre muitas outras denominações que poderiam ser citadas. 
Reagindo a este crescimento protestante, a igreja católica instaura a chamada Contra-Reforma. Foi criada então Companhia de Jesus tendo os Jesuítas como soldados da igreja com a missão de reestabelecer a fé católica. Estes foram momentos conturbados para a fé reformada que se via perseguida pela igreja católica. Neste contexto as Cinco Solas da Reforma são estabelecidas.

As Cinco Solas da Reforma

As cinco solas são proposições teológicas que definem os pilares da fé reformada. A palavra “sola” vem do latim e significa “somente” ou “apenas.”
As Cinco Solas são: Sola Fide (somente a fé); Sola Scriptura (somente a Escritura); Solus Christus (somente Cristo); Sola Gratia (somente a Graça) e Soli Deo Gloria (somente a glória).
Essas proposições surgiram com os reformadores, não houve um evento como concílio por exemplo para defini-los e nem se sabe quem usou o termo sola pela primeira vez, mas esses cinco pontos definiram resumidamente as intenções do movimento reformador. As Cinco Solas surgem como uma confissão clara, sintética e definitiva para dar forma ao protestantismo e guiar de maneira engajada os herdeiros da reforma até os dias de hoje.

Abraço fraterno e bom caminho!

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