“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim:
que, se um morreu por todos, logo todos morreram.”
2Co 5:14
“O amor de Cristo nos constrange...” conhecer
o estilo de vida que Paulo passou a levar após seu encontro com Cristo, permite
mergulhar um pouco mais fundo no que esta forte frase significa, quando se
permite refletir sobre ela, surge a necessidade de parar e repensar o curso da
vida cristã praticada no evangelho pós moderno.
Todo
aquele que toma a atitude de seguir a Cristo, experimentará ainda que em partes,
o que é dito em 1 Coríntios 4.9-13, texto este, que nos serve como referência a
respeito do que queremos dizer sobre o estilo de vida de um apóstolo. Veja:
“Porque tenho para mim, que Deus a
nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos
espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens.
Nós somos loucos por amor de Cristo,
e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis.
Até esta presente hora sofremos fome,
e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa,
E nos afadigamos, trabalhando com
nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e
sofremos;
Somos
blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste
mundo, e como a escória de todos.”
Na atualidade,
o evangelho no Brasil não passa por tamanha perseguição, o que não significa
nem de longe que viver o evangelho não cause perseguições, falamos sobre viver
o genuíno evangelho, aquele despido das distorções e sincretismo. Muitos
cristãos em outros países vivem em extrema perseguição tal qual é citada no
texto acima, mas no Brasil, onde o evangelho virou um mercadão da fé, o texto
citado se torna fora de contexto, desatualizado, antagônico a realidade vivida
no evangelho aqui.
Ao ler
os versos acima se pode entender que a Graça de Deus alcançou Paulo, tudo o que
é relatado acima são as consequências de uma vida devotada inteiramente ao Pai,
por que então continuar levando a mensagem do evangelho sempre da mesma forma
que fazia? Paulo não deveria rever sua estratégia? Não deveria chegar nas
cidades com um discurso mais diplomático? Não poderia ainda se associar com os
governantes para ter maior facilidade nas comunidades por onde passava? Não
poderia se dar o direito de se acomodar em algum lugar e esperar que as pessoas
viessem a ele? Por que continuar diante
de tantas adversidades?
Porque
o amor de Cristo constrange seu coração, porque este amor que constrange
precisava ser transmitido as pessoas que ele encontrava pelo caminho, com a
mesma intensidade, transparência e plena verdade que chegou até ele mesmo
quando estava a caminho de Damasco.
O QUE QUER DIZER O AMOR DE CRISTO NOS
CONSTRANGE?
O amor
de Deus pelo homem é pleno e incondicional, quando alcançado pela graça, o
coração se torna cheio deste amor absoluto que mata a velha criatura e traz a
existência um novo ser.
Este
homem que fez a opção por desobedecer ao Pai, por viver atendendo as concupiscências
de sua carne, dominado pela morte e pecado, sem a possibilidade de por si mesmo
alcançar redenção é contemplado por um amor imerecido, concedendo-lhe o favor
de ser perdoado.
Mesmo
o homem perdoado e tendo sido alcançado pela graça comete pecado, vive de forma
imperfeita, mesmo que tenha recebido redenção continua a lutar contra os
desejos da carne, segue caminhando no processo de santificação que lhe foi estabelecido,
nisso, se pode ver que Deus ama, cuida, livra e permite este homem regenerado
experimentar este incognocível amor.
Sobre
constranger significa o ato de forçar, não forçar porque foi imposto, mas no
sentido de que é impossível que não se faça. O amor que constrange não força no
sentindo de uma ordem expressa que deva ser seguida inquestionavelmente, mas
significa que uma vez recebendo de verdade o amor do Pai, ele gera no coração
uma ação, a ação de anunciar com palavra, atitude e comportamento Jesus Cristo
e seu plano para a humanidade.
Quando
Paulo fala que o amor de Cristo constrange, ele está dizendo que é impossível
que ele não anuncie, a ação de Deus em seu favor o conduziu a uma vida
controlada pelo Espírito Santo, agora suas perspectivas mudaram, sua vida está
dominada por uma força que não se pode medir e que de forma doce e suave
preenche todos os anseios e desejos de seu coração.
Ao observar
um viver onde os púlpitos se tornam palcos e a congregação é dominada pelo
antropocentrismo, se pode comprovar o enfraquecer da fé, a ineficiência de um
dito “evangelho” que alcançou a muitos. A vida cristã vivida em massa se
alimenta de crendices, vive de entretenimento a entretenimento, de ocupações
várias para se alcançar um sentimento de estar fazendo algo, uma vivência de autossatisfação
onde tudo tem a ver com o ser humano e ele mesmo, não são práticas que se
relacionam com o homem e o que Deus requer dele.
O evangelho
que se vê expressa sombras do que deveria ser, tudo tem a ver com que o homem
deseja que seja agradável a Deus, a pratica cristã na sua maioria nada mais é
do que buscar afirmações meio aos homens, atitudes pensadas para satisfazer os desejos
do coração, um hedonismo mascarado, onde
cultuar é se arrumar bem e se perfumar, participar de um show musical, ouvir
uma ministração de vitória para amenizar os pescoções da vida, tudo do homem
para o homem e neste meio cita-se Jesus para ganhar credibilidade, clubes
gospel...
O
amor que constrange é gerado no coração daquele que nasce de novo de verdade e
não de convencidos por uma ideia de evangelho.
Quando
se experimenta este amor em sua realidade, conceitos caem por terra, se torna
impossível não dar ouvidos a voz que pulsa no interior dizendo que chega de superficialidades
e enganos. Enquanto esta voz não é atendida o que fica é uma vida que não
expressa o amor que constrange.
Deus abençoe e bom caminho!
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