“E,
TENDO nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns
magos vieram do oriente a Jerusalém.” Mt 2:1
“E, entrando na casa, acharam o menino com
Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros,
ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.” Mt
2:11
Muito do que se acredita a respeito das
visitas que o menino Jesus recebeu se baseia em tradições. Certamente, os fatos não aconteram como muitos acreditam.
No evangelho de Lucas 2.8, se encontra a
narrativa de que “havia naquela mesma
comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da
noite, o seu rebanho.” Nisso se pode entender que uns são os pastores da
narrativa de Lucas e outros são os magos (ou sábios) na narrativa do evangelho de
Mateus. Nota-se esta distinção nas narrativas com uma leitura mais
atenta de cada uma delas.
Sobre os pastores, eles estiveram na presença do menino
Jesus ainda durante a noite de seu nascimento. Avisados por um anjo, eles vão e
veem com seus olhos o que fora anunciado. Depois disso eles saíram divulgando o que
viram de maneira que todos se maravilhavam com o que diziam. Note que não se
diz quantos eram estes pastores. Outra questão interessante é a
época em que se pastoreava o rebanho ao ar livre, entre os dias que
antecediam a Páscoa (provavelmente fim de março) e o meado de novembro. Após este período, nesta região se tinha o inverno, sendo inviável estar nos campos
com o rebanho. Quando adentramos o contexto vemos também que o censo que
acontecia na época do nascimento de Jesus, não teria sido feito no inverno de
dezembro, pois impossibilitaria as viagens longas que os judeus dispersos
teriam que fazer para chegar até Belém.
A data conferida ao nascimento de Jesus se
baseia em sincretismo religioso, um adotar de crenças do Mitraísmo por exemplo. Não consideramos como paganismo haver um dia, ainda que fora da
realidade histórica, adotado para lembrança do nascimento de Jesus. Mesmo não sendo biblicamente convidados a celebrar o nascimento de Cristo, consideramos o não andar sobre extremos. Cada um tenha sua livre consciência cristã sendo
conduzidos pelo Santo Espírito.
Na narrativa de Mateus citada acima, se pode
notar que não é mencionado “reis” magos, mas apenas magos. Não diz que eles eram
três, apenas se faz referência no plural. Eles eram provavelmente sábios, astrólogos
da Pérsia que possivelmente tinham algum conhecimento das escrituras (talvez
durante o exílio dos judeus, eles possam ter tido contato com as escrituras e
as profecias a respeito do messias/rei que viria). Assim, de maneira
misteriosa ao verem a estrela no céu, entenderam ser aquele tempo em que viria
o prometido Rei dos judeus como os profetas anunciaram.
A tradição que se tem hoje sobre este
episódio se fundamenta no apócrifo do Evangelho Armênio da Infância (Caps. V e
X). Este livro narra que os magos eram três irmãos que vieram da Pérsia para
visitar o menino Jesus.
Em Mateus, único evangelho canônico que cita
os magos do oriente, se entende que primeiro eles foram a Herodes,
só depois seguiram para onde estava Jesus. Os magos entraram na casa como diz Mateus 2.11, e
não manjedoura, dando a entender que o Menino já estava em alguma moradia com
José e Maria podendo ainda, já ter entre um e dois anos de idade.
Resumindo, os astrólogos Persas, que não eram
os pastores do campo, que não eram reis e possivelmente não eram em três,
segundo a narrativa bíblica, não estavam na noite do nascimento de Jesus, mas
chegaram tempos depois. No que diz respeito a historicidade, pode-se sim tomar como referência apócrifos, que tragam possibilidades de se compreender melhor os acontecimentos,
desde que não desconstruam o pensamento cristão fundamentado em Jesus Cristo e
seus ensinos.
O Verbo se fez carne, habitou entre nós. Morreu e ressuscitou nos concedendo salvação pela graça mediante a fé. Isto é
real e inquestionável e nos traz motivo para a cada dia celebramos a vinda
do messias prometido. Nele temos vida e vida eterna. Nossos dias estão em
suas mãos e no eterno propósito que tem para todos que se achegam a Ele atraídos
por sua vontade soberana