sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O QUE SIGNIFICA TOMAR A CEIA INDIGNAMENTE?


Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.”
1 Coríntios 11:27,28

A pratica da ceia no meio cristão sempre vem seguida da citação bíblica a respeito de não comer indignamente, mas o que isto significa realmente? Antes de ser esclarecida esta questão, vamos observar a passagem na qual Jesus ministra sua última ceia antes de ser crucificado.

“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos seus discípulos, dizendo: "Tomem e comam; isto é o meu corpo".
Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: "Bebam dele todos vocês.
Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.  Mateus 26:26-28

Era a celebração da Páscoa, Jesus estava reunido com seus discípulos nesta celebração e “enquanto comiam” como diz o texto, ele tomou o pão e depois o cálice. Isso significa que na mesa estavam mais elementos além do pão e vinho, havia também um cordeiro e ervas amargas, alguns estudiosos falam sobre água salgada e sopa de frutas.
O texto nos transmite que eles já estavam comendo, deixando claro que esta ceia que praticamos apenas com o pedaço pequeno de pão e o minúsculo cálice é diferente da ceia que Jesus e seus discípulos tomaram, o pão e o vinho compõem a mesa e são os elementos usados para simbolizar o corpo e o sangue de Cristo, mas não são apenas eles os elementos presentes naquele momento.  
Atentando para isto, avançamos para Constantino e sua suposta conversão, ele articula uma religião em que o cristianismo é o nome usado, mas na verdade está misturado as religiões pagãs que em nada tem a ver com o evangelho. Assim a ceia passa a ser um ritual católico onde pão e vinho são usados aos moldes do Mitraísmo[i], principal e real religião seguida por Constantino[ii].
A ceia no Mitraísmo era uma teofagia (comer o próprio deus), pois criam que o deus que adoravam, estava presente na carne e no sangue de um touro que era sacrificado e então comido, a carne e o sangue do touro foram substituídos pelo pão e vinho dando origem a forma de se praticar a ceia no então catolicismo romano, tendo agora um sincretismo religioso, assim Constantino tentava unir todas as crenças do povo ao redor de uma única religião.
Jesus estabeleceu o pão e o vinho como elementos que representam o seu corpo, nos ensinou a sempre fazer a ceia em memória dele, é uma ordenança a qual devemos praticar, mas de acordo com o que Cristo ensinou, não segundo os moldes do sincretismo estabelecido por Roma.
Jesus ensina que a ceia é o realizar de uma refeição, pão e vinho são elementos usados simbolizando o corpo de Jesus que foi moído e seu sangue que foi derramado para pagar o preço pelo pecado e purificar os que o aceitam, isto nos proporciona a redenção, este é o entendimento que devemos ter sempre que cearmos.
Certamente esta não é uma refeição como outra qualquer, é um momento especial e espiritual, quem participa deste momento precisa ter consciência deste significado e importância citados acima, do contrário não haverá sentido em realiza-lo.

“Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga.
Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!1 Coríntios 11:20-22

Na igreja de Corinto a ceia consistia em reunir-se na casa de alguém, com cada um levando seu pão e vinho, e então em comunhão, era para todos dividirem tudo e comerem juntos, nisto se trazia a lembrança o sacrifício de Cristo, assim era a ceia antes do cristianismo romano forjado por Constantino.
Mas em Corinto eles se desviaram do propósito, ninguém esperava mais por ninguém para comer, cada uma comia o seu sem dividir, criaram grupos separados de pessoas. Havia naquela congregação pessoas necessitadas, que não tinham o que comer, a desigualdade social era um fato naquele contexto, isto fez com que a ceia se tornasse em um mal para eles, pois havia divisão, falsidade, exclusão, não expressavam o amor ao próximo, não se preocupavam em repartir, cada qual olhava para o que era seu sem se compadecer do outro.

“Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem.
Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio.1 Coríntios 11:17,18

Os atos que os cristãos de Corinto praticavam os tornavam indignos, não tinha consciência do que significava a ceia, não entediam que era um momento de união e comunhão, de fazer memória de Cristo e sua morte até o dia de sua volta, não compreendiam o momento espiritual, achavam que era só comer e se fartar ignorando o seu próximo, assim viviam sem compaixão, sem perdoar, sem compartilhar, sem incluir, sendo arrogantes, avarentos e presunçosos, isso que significa comer indignamente a ceia.
Então comer indignamente significa as práticas da igreja em Corinto, e quem assim faz, também se torna indigno, mas isto não é o que é dito nos dias de hoje no meio cristão, pois o que é ensinado faz o indivíduo pensar que só pode tomar a ceia aquele que não peca, aquele que não comete erros, isto é um equívoco, somos pecadores, pecamos todos os dias pela natureza que temos, mas o sangue de Jesus nos comprou e justificou, podemos e devemos fazer parte da mesa do Senhor, não é um ritual para seres especiais que estão acima de sua natureza pecaminosa.
Viver tendo a consciência livre do evangelho em Cristo, nos faz entender que estando em Jesus, não é um erro involuntário que de repente faz indigno o cristão, não é assim, não se deve viver na prática do pecado e isto é claro, mas também é preciso saber que não ficamos saindo e entrando na Graça de Deus, estamos mergulhados nela e Cristo morreu para que nele vivamos em santidade, isto não é quebrado quando a natureza humana que está em nós vem nos condenar.

“Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.
Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.
Sabemos que o conhecemos, se obedecemos aos seus mandamentos.

Não pense que Jesus ignora o pecado não, a consequência do erro é inevitável, mas é preciso pedir perdão na hora e seguir em frete, pois vivemos imersos na Graça, receba o perdão de Deus, siga seu caminho e não peques mais.   
A ceia é para todos que tem consciência do seu significado, é para todos que se arrependeram e foram alcançados, é para todos aqueles que se tornando filhos de Deus em Cristo, estes têm o direito de com confiança entrar em sua santa presença.  

“Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.
Temos, pois, um grande sacerdote sobre a casa de Deus.
Sendo assim, aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada e tendo os nossos corpos lavados com água pura.
Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. ”  Hebreus 10:19-23



[i] Religião mitológica persa e indiana praticada por Roma, onde o deus sol era cultuado.
[ii] Imperado romano responsável por institucionalizar o cristianismo.


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