Deus em seu pleno e incognoscível amor, por
seu próprio beneplácito cria o homem e estabelece uma relação com ele, mas o
homem no exercício de sua liberdade faz a opção por desobedecer a ordem divina cometendo
assim um delito contra Deus (Gn.1.1-24), nisto o homem passa para um estado de
pecado despertando a ira divina sobre si. (Rm.3.23)
Deus irado no exercício de sua perfeita
justiça, expulsa o homem do jardim mas por sua misericórdia ainda concede ao
transgressor a possibilidade de se relacionar com Ele, quando se observa a
chamada de Abraão, o surgimento e história dos hebreus e suas experiências com
Deus, pode-se entender que rituais são estabelecidos pelo Eterno para que este
relacionamento seja possível, daí temos a Expiação que é o ato de reparação, que
é a remição dos pecados, mas para isso é necessário que seja oferecido um
sacrifício em lugar do transgressor, a morte e o sangue aplacariam a ira de
Deus.
No antigo Testamento, como se pode ler em
Levíticos, por cada pecado cometido era necessário um sacrifício, havia ainda
um dia especial para os Hebreus que acontecia a expiação nacional, era o Dia do
Perdão (Yom Kipur), neste dia eram
tomados dois bodes, um era sacrificado e o sangue era levado pelo sumo sacerdote
até o santo dos santos onde o aspergia sobre o propiciatório (que era a tampa
da arca da aliança), assim o sangue cobrindo a tampa simbolizava o cobrimento
dos pecados do povo afastando a ira de Deus, mas este ritual era transitório,
anualmente se renovava este ato.
O ritual continuava com o
sumo sacerdote impondo as mãos sobre o outro bode lhe transferindo
simbolicamente o pecado de todo o povo, este bode era conduzido até o deserto e
solto, significando que os pecados foram retirados do meio do povo.
Assim se dava a expiação,
rituais de sacrifício para que a divida de pecado que o homem tinha com Deus
fosse paga, alguém morrendo em lugar do pecador e sangue derramado para cobrir
pecados. Estes rituais apontavam para Jesus Cristo, onde nele o que era transitório
passa para completude, ou seja, a entrega de Jesus em lugar de todos paga
definitivamente a divida do homem com Deus.
É possível notar que Deus
não é somente ira, mas um amor imenso pelo ser que criou, ainda merecedores de
condenação eterna Ele concede a reconciliação onde a oblação de Cristo leva o homem
do estado de pecado para um estado de graça. Jesus é o propiciatório pois nos
foi favorável derramando sobre si seu sangue e se oferecendo a Deus,
justificando assim a todo aquele que confessa o seu nome e crê em Jesus Cristo
sendo o Deus encarnado.
No passado o sumo sacerdote representava
o povo ao oferecer o sacrifício, era o homem indo em direção a Deus para lhe
pedir perdão através dos rituais, onde a paciência de Deus suportou até a
plenitude dos tempos onde o Cordeiro de Deus adentra no tempo espaço histórico
da humanidade e faz a expiação plena pelo homem. Hoje todo o sacrifício já foi
feito por Jesus, cabe a cada um ser inundado pela graça, confessar o nome de
Cristo e oferecer a vida em oferta de gratidão aquele que por ele e para ele
são todas as coisas.
E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande
número, porque pela morte foram impedidos de permanecer,
Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio
perpétuo.
Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente,
imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus;
Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer
cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos
do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo.
Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas
a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito
para sempre. Hb.7.23-28