sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Congregar



É inegável o momento que a igreja brasileira tem passado, onde cada vez mais pessoas se desligam de suas denominações deixando de frequentar regularmente uma instituição cristã evangélica, com isso muitos vivem num ardente desejo de estar se reunindo em grupos a parte do sistema evangélico, pois em seus corações está vivo o desejo de caminhar com Cristo e estar em comunhão com o corpo. 
Existem outros que tendo como subterfúgio as decepções institucionais evangélicas, extrapolam deixando as práticas da doutrina de Cristo e experimentam a vida, estas perdem não só o desejo comungar como também o desejo DE praticar os ensinos de Cristo, pois eles se libertaram da institucionalização e do sistema mas ainda não entenderam a prática da vida cristã, continuam presos ao "eu", ainda que iluminados e tendo provado da verdade  negam a Cristo em seu modo de viver  (Hb. 6. 1-10).

Destacamos aqui que o sistema evangélico tem tido princípios eclesiásticos baseados em meritocracia, vivendo um pragmatismos doutrinário, substituindo a simplicidade do evangelho por métodos, modelos e cartilhas, uma prática exaustiva e manipuladora gerando alienação em muitos, mas enfim... é necessário congregar ou podemos viver o evangelho sem frequentar regularmente ajuntamentos?
No estudo dos evangelhos, olhando para Jesus, vemos que ele inicia seu ministério indo de encontro aqueles que ele escolhe para o seguir, aqueles que seriam seus discípulos, com esses Jesus se relaciona, está em comunhão, e ensina sua doutrina. Jesus vai em busca dos perdidos, busca estar com pessoas, no meio delas e proclamar o Reino, curar enfermos e expulsar demônios. (Mt. 9.35). Em momento algum Cristo cria sistemas para controlar pessoas ou prendê-las aos seus ensinos, ele expõe seu propósito mantendo o livre pensamento e escolha de cada um em segui-lo ou não, não vemos estratagemas pragmáticos de cunho humanista, mas apenas a verdade do Reinar de Deus no coração do homem.  
No sermão do monte, Jesus está reunido com um grande número de pessoas, compartilha com elas as Bem Aventuranças, lhes ensina e instrui (Mt. 5). É muito claro que Cristo buscava estar com pessoas e se relacionar com elas, a vida cristã é composta por estes momentos, assim como Jesus tendo momentos de ensino a multidão que o seguia e em reuniões reservadas com seus discípulos, todos quanto caminham com o Mestre tem dentro de si o desejo de estar com gente, de se reunir em nome de Cristo para comungar. Jesus não provê entretenimento, não se gasta em afazeres que agradem o cobiçoso e hedonista coração humano, mas muitos ainda não entendem, mergulham em sofismas e caminham faltosos de compreensão. 
É notório nos evangelhos que Jesus em sua vida de oração, tinha também momentos a sós com o Pai, como o exemplo em Lucas 6. 12:

“E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.”

Jesus ensina como devemos busca-lo em oração, essa busca não se dá apenas em dias e horas marcadas, mas diariamente durante o caminhar, Ele até diz qual espaço físico podemos estar para fazê-lo, e ao contrário do que muitos pensam não foi o monte o lugar indicado pelo Mestre para estarmos a sós com Deus:

“Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”

A questão nesta breve reflexão e ressaltar que a vida cristã não se resume e em momentos nem se relaciona com o frequentar um templo evangélico, seguir a Cristo não é ocupar cargos, cumprir horários e ser cristão dentro dos templos nos dias e horários determinados, mas é uma prática diária, uma vida inteira onde não tem dia e hora marcada para acontecer, mas acontece onde for a todo instante, seja num momento de estar sozinho buscando o Pai em secreto, ou em reuniões públicas de culto a Deus. 
A vida com Deus não tem formalidades, tem princípios, seus deveres, a necessária seriedade e o compromisso entre outras coisas inerentes ao cristão verdadeiro, mas nunca uma vida engessada e moldada e menos ainda, determinada por um sistema religioso, não podemos ser prisioneiros de templos como se fosse obrigação frequentá-los pela necessidade de congregar.
Estar reunido é tão preciso quanto ter os momentos a sós com Deus e, estar a sós com Deus e tão preciso quanto se reunir para comungar, é simples...

 Congregar não é pré requisito para estar com Cristo como se aquele que não o faz estivesse em condenação,  mas destacamos aqui que isto faz parte do caminhar e é bom quando é feito na liberdade de uma consciência cristã a mercê da graça de Deus.
Bom caminho!