“Por
isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens. Ora,
isto ele subiu que é, senão que também antes tinha descido às partes mais
baixas da terra?” Ef 4:8-9
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos
pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na
verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e pregou aos
espíritos em prisão.”
1Pe 3:18-19
Os questionamentos sobre onde esteve Jesus
entre sua morte e ressurreição tem levado a construção de pensamentos fundados em
interpretações das possibilidades, uma vez que a bíblia não expõe claramente onde Cristo
realmente esteve e o que teria feito neste período, e em momento algum se vê o Mestre se preocupando em explicar para aqueles que Ele apareceu já ressuscitado, o que fez neste
período entre sua morte e ressurreição. O que Jesus revela é que Ele venceu a
morte, e se permitiu ser visto por muitos quando já ressuscitado, e assim leva
adiante seu extraordinário propósito para o homem destituído.
Em Efésios, texto citado acima, entende-se
que levar cativo o cativeiro diz respeito ao pecado que então dominava sobre o
homem (Rm 5.17) permitindo a ação de Satanás, então se pode ler em Mateus 12-19
o fato de Jesus limitar o poder e ação do Diabo e estabelecer seu domínio e
governo, Reino de Deus sobre o homem (Leia aqui neste blog O Evangelho do Reino dos Céus). Já o fato de Cristo descer as regiões
mais baixas da terra pode se entender como uma referência ao mundo físico em que
vivemos, não seria um local existente numa “localização geográfica” do mundo
espiritual, esta é a narrativa do evangelho de João no capítulo 1, onde o Verbo
se fez carne e habitou entre os homens, Deus em Jesus saindo das regiões
celestiais e indo para as partes mais baixas da terra, onde se relaciona com a
escória, com os excluídos, mal ditos, desprezados, com aqueles que viviam as
margens da vida social, os desacreditados, os mancos, cegos, não vindo para um
reino político ou para assentar em tronos deste mundo, mas indo aos enfermos,
doentes e os presos as correntes da morte.
Já o texto de 1 Pedro citado acima, se pode
entender que em Espírito Jesus pregou aos homens do Velho Testamento que tinham
seus espíritos presos as incertezas que até então existiam para eles, pois os
propósitos de Deus para o homem que hoje nos são tão evidentes, ainda estavam encoberto aos homens do passado. Não teria sido no período entre sua morte e
ressurreição que Jesus visitara as almas dos antigos no “Seol”, mas
literalmente pela boca dos profetas naquele tempo quando estes ainda viviam
sobre esta terra, isso mediante ao Espírito Santo que agia ativamente no
passado e este mesmo Espírito é que vivifica Jesus. É possível compreender
isto quando se permite olhar para Jesus como o centro de tudo, todas as coisas se
convergem Nele, desde o Antigo até o Novo Testamento e até a consumação dos
séculos.
“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem
ele nada do que foi feito se fez.” Jo 1:3
Estas incertezas no Antigo Testamento citadas
acima, se referem a não compressão do que seria da alma/espírito após a morte, todas as
vezes que se usa o termo hebraico “Seol,” seria para se referir a habitação dos mortos,
sepultura de um modo geral, sem a conotação que seja um lugar infernal, de
castigo, mas sim um lugar após a morte onde os que morrem, sendo para castigo
ou não, estariam.
Em grego a palavra “Hades” corresponde ao “Seol”
do hebraico, tendo a mesma ideia de ser o lugar dos mortos, das almas ou
espíritos, nunca se referindo a interpretação que se tem hoje como estes termos
significando o inferno naquilo que inferno realmente é.
Até que tudo esteja consumado, os que morrem
com Cristo estão com Ele no paraíso, “temporariamente habitando no céu,” até
que a terra seja restaurada e a nova Jerusalém desça dos céus como narra
Apocalipse 1.1-2. A eternidade seria vivida então aqui nesta terra, mas sendo
ela restaurada e recebendo a nova cidade que desce dos céus.
Já os que não confessam a Cristo seriam
lançados no lago de fogo, que este, lago de fogo, é que seria realmente o
inferno no que ele realmente é, a eterna ausência de Deus, seria como se os que
morrem sem Jesus estivessem num estado, sim estado e não um lugar ou espaço
geográfico, em que temporariamente aguardariam a segunda morte, o lançar no
lago de fogo, “inaugurando” assim o inferno.
Não entenda como purgatório ou seio de
Abraão, ou como almas num estado inconsciente aguardando julgamento, não
entenda também como possível Jesus pregar para converter espíritos/almas dos
que viveram no passado pois:
“E,
como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo. Assim
também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Hb
9:27-28
Fechamos esta breve reflexão citando
Apocalipse 1.18:
“E o
que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho
as chaves da morte e do inferno.”
A morte e a vida sempre estiveram nas mãos do Eterno, nunca tal chave teria sido concedida a Satanás, somente em Deus está
este poder. Então Jesus não teria ido ao inferno e menos ainda tomado chave
alguma das mãos do Diabo, a bíblia não cita isto em nenhum lugar,
interpretações para se chegar a este pensamento se mostram equivocadas e
infundadas.
Sigamos sendo iluminados pelo Santo Espírito!