A origem do mal é um
assunto polemico e explica-lo tem sido uma viagem difícil para teólogos em toda
parte. Se tudo que foi criado tem a sua fonte em Deus, como explicar Deus, que
é amor e bondade, criando o mal? Não seria Deus totalmente bom? Seria Deus autor
do mal e de demais coisas ruins? Façamos uma reflexão sobre o tema.
Deus cria o homem, concede
a ele liberdade de escolha tanto para viver para seu Criador ou não, sabemos
que a escolha foi desobedecer, o homem comete um pecado e este pecado abre as
portas para a entrada do mal, então a origem do mal é o pecado cometido em
liberdade de escolha, vem enquanto consequência desta escolha feita pelo homem.
Assim,
cheguei a esta conclusão: Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de
muitas intrigas. Ec. 7.29
Deus não criou o mal, mas
sim a liberdade (que é boa) de escolher, e saber a escolha que seria feita, não
faz de Deus agente causador desta escolha, pois em sua soberania faz o homem
livre verdadeiramente, sem determinismo.
O mal existe para o homem quando este toma consciência dele, mas a bíblia nos mostra que já havia mal antes, quando num
dado momento Satanás tomado pela soberba, junto com seus seguidores é lançado
na terra (Is.14; Ez.28), levando a crer que o mal surge bem antes da escolha do
homem. A narrativa bíblica nos conduz ao entendimento de que Satanás foi criado
por Deus bom, mas deixou a verdade e seguiu a mentira, algo que provém dele
mesmo e não de Deus.
Vocês
pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi
homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele.
Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. João
8:44
Mas uma vez se pode afirmar
que Deus não criou o mal e nem criaturas más, todo o mal que existe é resultado
do uso errado da liberdade concedida, o mal era possível no exercício desta
liberdade.
Existem passagens que são
de difícil interpretação, elas parecem sugerir que sim, Deus é o autor do mal, citamos a seguir duas entre outras que poderíamos mostrar:
Eu
formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço
todas estas coisas. Isaías 45:7
Tocar-se-á
a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem
que o Senhor o tenha feito? Amós 3:6
No texto de Isaias há um
paralelo entre opostos, luz/trevas, paz/mal, este mal aparece em oposição a
paz, não no sentido de Deus ser o criador do mal, mas sim no sentido de
calamidade, no sentido de exercer juízo, sua justiça é santa e perfeita quando
entendemos que Ele a exerce em favor da verdade combatendo o mal. Em Amós seguimos
o mesmo princípio no sentido de exercício de justiça divina.
Temos textos que deixam
claro que Deus não é o criador do mal:
Tu
és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes
contemplar... Habacuque 1.13
E
esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há
nele trevas nenhumas. 1 João 1:5
A origem do mal sobre o
olhar teológico exposto ate aqui, não pode ser concluído sem citarmos Santo
Agostinho, pois em muito esta sistemática parte dele, assim
como Tomás de Aquino que segue também este entendimento.
Agostinho na busca por
entender se questiona em três aspectos a respeito do mal, antológico-metafísico,
moral e físico. Ele entende que o mal na verdade é a ausência do bem, o mal não
existe em si, mas se mostra na inexistência do bem. Este pensamento permeia
todo o pensamento teológico sobre a origem do mal, teríamos outros nomes a
citar, e certamente muito o que discorrer sobre os já citados, mas a intenção é
mostrar um caminho teológico que pode ser traçado para o aprofundamento no
assunto.
Entendemos que a teologia está
sobrecarregada do pensamento filosófico grego, buscando no neoplatonismo e aristotelismo,
assim como boa parte do estoicismo e nos pensamentos de Sócrates também, fontes
para trazer respostas a questões bíblicas difíceis, isto fizeram Agostinho e Tomás de Aquino. A sistemática
teológica se concentra na sua formação sincrética nos primeiros séculos, mesmo
depois da reforma mantém pensamentos que não se despiram da arrogância de
encontrar respostas para questões as quais o próprio Cristo não se ocupou em
dar.
Não rejeitamos o saber
teológico, mas antes expomos seu parecer sobre o assunto, consideramos válido
neste caso não sermos indiferentes quando as fontes utilizadas pelos grandes pensadores
de teologia na história.
Quando olhamos para o
evangelho, vemos Jesus nos ensinando que o mal existe, não há preocupação em
explicar a origem do mal e não o vemos tratando de assuntos filosóficos que
sejam. Em Jesus não há teorias sobre o porquê, mas ações em favor da
humanidade, seus ensinamentos transmitem vida, o reinar de Deus no homem.
Jesus não faz especulações
sobre a queda, liberdade do homem, origem do mal e calamidades da vida, suas
respostas para o homem é salvação, vida eterna com Deus, sua resposta ao mal
obvio existente e as consequências em virtude da escolha do homem é entregar
sua vida para resgate de muitos, para a redenção do ser destituído.
Deus não deve explicações
ao homem a respeito de coisa alguma, pois em Jesus somos reconciliados com
Deus, isso é o que importa a existência humana. Questões como a origem do mal
tem sua resposta na ideia do homem em querer explicar e entender o que não
seria necessário. Não é o propósito trazer uma lista de respostas e explicações
ao homem, mas sim afirmar seu estado de pecado, necessidade de arrependimento,
salvação pela graça e vida eterna com Deus.
Finalizamos discorrendo
desta forma com o objetivo de que posamos ir em busca das respostas que sejam
que desejamos ter, fazendo uso da teologia e suas dissecações, mas sabendo que assuntos polemicos que sejam que possamos encontrar, nada discernimos partindo
do homem, mas sendo iluminados por Jesus, sempre dirigidos pelo Espírito Santo!
Deus nos abençoe e bom
caminho!
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