segunda-feira, 25 de abril de 2016

REFLEXÃO SOBRE A ORIGEM DO MAL


A origem do mal é um assunto polemico e explica-lo tem sido uma viagem difícil para teólogos em toda parte. Se tudo que foi criado tem a sua fonte em Deus, como explicar Deus, que é amor e bondade, criando o mal? Não seria Deus totalmente bom? Seria Deus autor do mal e de demais coisas ruins? Façamos uma reflexão sobre o tema.

Deus cria o homem, concede a ele liberdade de escolha tanto para viver para seu Criador ou não, sabemos que a escolha foi desobedecer, o homem comete um pecado e este pecado abre as portas para a entrada do mal, então a origem do mal é o pecado cometido em liberdade de escolha, vem enquanto consequência desta escolha feita pelo homem.

Assim, cheguei a esta conclusão: Deus fez os homens justos, mas eles foram em busca de muitas intrigas. Ec. 7.29

Deus não criou o mal, mas sim a liberdade (que é boa) de escolher, e saber a escolha que seria feita, não faz de Deus agente causador desta escolha, pois em sua soberania faz o homem livre verdadeiramente, sem determinismo.

O mal existe para o homem quando este toma consciência dele, mas a bíblia nos mostra que já havia mal antes, quando num dado momento Satanás tomado pela soberba, junto com seus seguidores é lançado na terra (Is.14; Ez.28), levando a crer que o mal surge bem antes da escolha do homem. A narrativa bíblica nos conduz ao entendimento de que Satanás foi criado por Deus bom, mas deixou a verdade e seguiu a mentira, algo que provém dele mesmo e não de Deus.

 Vocês pertencem ao pai de vocês, o diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira. João 8:44

Mas uma vez se pode afirmar que Deus não criou o mal e nem criaturas más, todo o mal que existe é resultado do uso errado da liberdade concedida, o mal era possível no exercício desta liberdade.

Existem passagens que são de difícil interpretação, elas parecem sugerir que sim, Deus é o autor do mal, citamos a seguir duas entre outras que poderíamos mostrar:

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas. Isaías 45:7

Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal na cidade, sem que o Senhor o tenha feito? Amós 3:6

No texto de Isaias há um paralelo entre opostos, luz/trevas, paz/mal, este mal aparece em oposição a paz, não no sentido de Deus ser o criador do mal, mas sim no sentido de calamidade, no sentido de exercer juízo, sua justiça é santa e perfeita quando entendemos que Ele a exerce em favor da verdade combatendo o mal. Em Amós seguimos o mesmo princípio no sentido de exercício de justiça divina.

Temos textos que deixam claro que Deus não é o criador do mal:

Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar...   Habacuque 1.13

E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. 1 João 1:5

A origem do mal sobre o olhar teológico exposto ate aqui, não pode ser concluído sem citarmos Santo Agostinho, pois em muito esta sistemática parte dele, assim como Tomás de Aquino que segue também este entendimento.
Agostinho na busca por entender se questiona em três aspectos a respeito do mal, antológico-metafísico, moral e físico. Ele entende que o mal na verdade é a ausência do bem, o mal não existe em si, mas se mostra na inexistência do bem. Este pensamento permeia todo o pensamento teológico sobre a origem do mal, teríamos outros nomes a citar, e certamente muito o que discorrer sobre os já citados, mas a intenção é mostrar um caminho teológico que pode ser traçado para o aprofundamento no assunto.

Entendemos que a teologia está sobrecarregada do pensamento filosófico grego, buscando no neoplatonismo e aristotelismo, assim como boa parte do estoicismo e nos pensamentos de Sócrates também, fontes para trazer respostas a questões bíblicas difíceis, isto fizeram Agostinho e Tomás de Aquino. A sistemática teológica se concentra na sua formação sincrética nos primeiros séculos, mesmo depois da reforma mantém pensamentos que não se despiram da arrogância de encontrar respostas para questões as quais o próprio Cristo não se ocupou em dar.
Não rejeitamos o saber teológico, mas antes expomos seu parecer sobre o assunto, consideramos válido neste caso não sermos indiferentes quando as fontes utilizadas pelos grandes pensadores de teologia na história.  

Quando olhamos para o evangelho, vemos Jesus nos ensinando que o mal existe, não há preocupação em explicar a origem do mal e não o vemos tratando de assuntos filosóficos que sejam. Em Jesus não há teorias sobre o porquê, mas ações em favor da humanidade, seus ensinamentos transmitem vida, o reinar de Deus no homem.
Jesus não faz especulações sobre a queda, liberdade do homem, origem do mal e calamidades da vida, suas respostas para o homem é salvação, vida eterna com Deus, sua resposta ao mal obvio existente e as consequências em virtude da escolha do homem é entregar sua vida para resgate de muitos, para a redenção do ser destituído.
Deus não deve explicações ao homem a respeito de coisa alguma, pois em Jesus somos reconciliados com Deus, isso é o que importa a existência humana. Questões como a origem do mal tem sua resposta na ideia do homem em querer explicar e entender o que não seria necessário. Não é o propósito trazer uma lista de respostas e explicações ao homem, mas sim afirmar seu estado de pecado, necessidade de arrependimento, salvação pela graça e vida eterna com Deus.

Finalizamos discorrendo desta forma com o objetivo de que posamos ir em busca das respostas que sejam que desejamos ter, fazendo uso da teologia e suas dissecações, mas sabendo que assuntos polemicos que sejam que possamos encontrar, nada discernimos partindo do homem, mas sendo iluminados por Jesus, sempre dirigidos pelo Espírito Santo!

Deus nos abençoe e bom caminho!

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