terça-feira, 23 de setembro de 2014

COMPORTAMENTO COLETIVO: OS FENÔMENOS PSIQUICOS NAS COMUNIDADES EVANGELICAS BRASILEIRAS



RESUMO

Um olhar sincero para a igreja evangélica no Brasil notará que seu crescimento, não se relaciona com a proclamação do Reino, não se relaciona com o que Jesus Cristo ensinou realmente. Percebe-se que o que se chama de evangelho não e nada mais que um incorporar do evangelho a bel-prazer, a ideologias de cunho oportunista de falsos profetas.
Pessoas convencidas por movimentos ditos cristãos evangélicos, se comportam como uma manada que é conduzida para onde seu condutor quiser, neste caso um abismo que ainda não pode ser visto, mas real e pronto a tragar a multidão que fecha seus olhos e segue a lobos disfarçados de ovelhas.
Meio a realidade que estamos a descrever, pode-se notar as mais bizarras loucuras, cada vez mais desprovidas do crivo racional onde quanto mais extravagantemente ridículo, mais sucesso faz. Neste artigo se poderá notar de forma simples e direta, mas com propriedade teológica da analise do caso, como as ciências humanas usadas por mentes perversas, tem sucumbido o evangelho de Cristo.

Palavras-chave: Evangelho. Sugestionamento. Comportamento. Coletivo. Fenômeno.

INTRODUÇÃO

O evangelho no Brasil tem se diluído cada dia mais, nesses tempos de afastamento dos fundamentos de Jesus, o termo “evangélico” está desgastado e sem significância real. Os falsos mestres tem conduzido a grande massa evangélica a perda do senso crítico, esta massa por sua vez se comporta impulsionada principalmente pelo sugestionamento que dirige o comportamento coletivo.
Surgem nas comunidades evangélicas do Brasil os fenômenos psíquicos, que são o conjunto de características psicológicas do individuo, os seus processos mentais, afetados pelo oportunismo marqueteiro de homens que usam o nome de Deus para manter seus templos empresa. Estes fenômenos enquanto algo que emociona ou impressiona o individuo moralmente podendo dirigir seu comportamento, fez do evangelho de Cristo algo que Jesus nunca propôs, sendo apenas uma ferramenta ou um combustível para a ideologia do espírito humano corrompido, se tornando um pseudo evangelho, um circo onde os palhaços não são os que estão no picadeiro fazendo rir, mas os da plateia estupida que ri enquanto se alimenta de heresias.

CARACTERÍSTICAS ENCONTRADAS EM DETERMINADOS GRUPOS EVANGELICOS

Os evangélicos se dividem nas mais diversas denominações, onde se falar de grupos evangélicos não permite de forma alguma generalizar, sendo inegável dizer que comportamentos dúbios em nome de Cristo se revelam mais facilmente no meio pentecostal, neopentecostal e renovado.
Não como via de regra, mas se faz distinção dos comportamentos entre as diferentes ideias do que seria o culto racional, grupos como as denominações tradicionais que zelam pela história da igreja, teriam um intelecto mais apurado, uma visão mais racional. Os grupos renovados de certa forma tentariam mesclar os estudos e aplicação dos fundamentos com as modas e invencionices, uma pitada de cada. Já os pentecostais e neopentecostais, ignorariam totalmente o estudo e fundamentação bíblica se baseando em entretenimento e as mais diversas loucuras para agregar fiéis.
Seria uma utopia querer classificar de forma mais detalhada e direta a multiformidade da igreja evangélica no Brasil, mas refletindo sobre o que citamos acima, se poderá ver onde os comportamentos se distorcem com maior frequência, ainda que em cada um dos seguimentos seus desvios em particular se mostrem.
Nos delimitaremos aqui a discorrer sobre o comportamento coletivo de alguns grupos evangélicos, pessoas que individualmente se comportariam de maneira mais consciente e crítica, mas quando em grupo, segue o rumo da multidão, se deixa levar pelo pensamento coletivo e sem mesmo perceber se propõe a coisas que se refletisse não faria.
O psicólogo social francês Gustave Le Bon em seu livro “Psicologia das Multidões” cap. 1 págs. 13 e 14 descreve o seguinte:

“São diversas as causas que determinam a aparição de caracteres especiais nas
multidões.
           A primeira é que o indivíduo em multidão adquire, pelo simples fato do seu número, um sentimento de poder invencível que lhe permite ceder a instintos que, se estivesse sozinho, teria forçosamente reprimido...
A segunda causa, o contágio mental, intervém igualmente para determinar nas multidões a manifestação de caracteres especiais e, ao mesmo tempo, a sua orientação... 
Uma terceira causa, e de longe a mais importante, o poder de sugestão, determina nos indivíduos em multidão caracteres especiais que são por vezes bastante opostos aos do indivíduo isolado.”

Na observação destes pontos se pode perceber o quanto a segunda e terceira causas principalmente se aplicam no meio evangélico. Vejamos mais detalhadamente como alguns exemplos de comportamentos no meio principalmente pentecostal e neopentecostal coadunam com os citados por Le Bon.
Frisamos aqui que o comportamento coletivo se mostra diverso em suas características, reforçamos também que estas observações são de cunho teológico, fazendo uso da obra de Le Bon apenas como um paralelo a ser traçado entre sua pesquisa e os exemplos que temos nos meios denominacionais citados.

CONTÁGIO MENTAL

O Contágio Mental parte do princípio da emoção transmitida pelo líder do grupo, emocionar abre a mente e a torna receptiva para os então direcionamentos daquele que lidera. As ideias na mente do líder ganham credibilidade não apenas pelo conteúdo de sua fala, mas de que maneira este fala, a tonalidade alternada de sua voz em momentos específicos, a maneira como se posiciona a frente e olha com confiança para o público, seus gestos bem definidos e firmes, sorrindo ou chorando de acordo com o ambiente que é gerado, tudo isto impressiona o ouvinte e mexe com suas emoções.
Pode-se destacar também que Contagio Mental enquanto o fato de influenciar fortemente os ouvintes esta ligada ao carisma do líder, o quanto ele no seu expressar é capaz de atrair para si a atenção e então o afeto de todos. Nem sempre o carisma se dá pelo dom que certas pessoas têm de socializar-se facilmente sendo queridas e admiradas, mas em algumas vezes seu carisma é a soma do fruto da posição proeminente que ocupa com as técnicas especificas de emotização.
Destacamos o fato de o Contagio Mental acontecer não apenas quando um grupo e contagiado pelas ideologias de seus líderes, mas também influenciado pelo ambiente que vive, por aquilo que ouve, assiste e lê. Mais proeminente é o contagio do individuo pelo grupo o qual faz parte, suas atitudes, pensamentos, sua personalidade em geral torna-se regrada a partir do meio que vive, dos pensamentos daqueles com os quais se relaciona, etc. O indivíduo quando em grupo é capaz de agir inconscientemente contra a sua vontade, contra princípios e costumes antes adquiridos por meio do contagio mental.
        
SUGESTIONAMENTO

O sugestionamento age na área do inconsciente coletivo levando o indivíduo a agir, quando em grupo, de uma forma que não agiria se estivesse sozinho. Estar em grupo, tendo o pensamento direcionado por um orador no uso de sua eloquência regada de emocionalismo, é capaz de anular o senso crítico, como o virar de uma chave no cérebro onde o indivíduo passa de sua personalidade consciente para a inconsciente deixando fluir seus instintos. Já não é sua vontade e seu bom senso, costumes e moral adquiridos ao longo de sua vida que regem suas atitudes e comportamentos (o que de certa forma já são tipos diferentes de sugestionemento), mas sim a ideia passada pelo seu líder que determina tudo.
Há pessoas que não são facilmente sugestionadas, que por mais que se aplique tais induções elas se mostram firmes no seu pensar, mas vemos estas pessoas como raras exceções dentro do corpo cristão evangélico. Muitos destes indivíduos se afastam destes líderes e grupos ou simplesmente são submergidos pelo pensamento da massa, surge aí uma mente coletiva que se eleva a mente individual, como que tendo vida própria, é compartilhada entre o grupo inconscientemente direcionando até as pessoas com personalidades mais fortes.

COCLUSÃO

 Entendemos que este artigo expõe apenas um fragmento do todo que compõe o tema proposto. Mas o tendo como um ponto de partida, com o objetivo de construir um pensamento sobre como as igrejas evangélicas com suas variadas doutrinas e líderes performáticos, tem usado do controle da mente para alcançar seus propósitos previamente formulados.
Quando o homem toma a dianteira e decide fazer a seu modo o que chama de anunciação do Reino, Deus se retira, e fica só a humanidade, tendo que levar suas ideologias na força de seu próprio braço. Então para suprir a ausência do Espírito em suas congregações inventam congressos, eventos, shows, pregações teatrais, festas e muito mais... Ocupam os membros o máximo que podem, enchendo suas mentes de entretenimento gospel a fim de mantê-lo emocionalmente dependente de seu aprisco.
Nas variadas denominações, nos teatros apresentados nos púlpitos, no exaltar do espírito humano ao preço de usar o nome de Deus, surgem as igrejas “self-service,” onde cada um separa só a parte que lhe interessa do evangelho, frequentando campanhas antropocêntricas, estando presentes em cultos com os mais variados cardápios como: dia de cura, dia de libertação, dia de virada financeira, etc. é o homem no domínio de tudo, usando sua liturgia e determinando quando, como e onde o Espírito deve agir.
Devido a grande concorrência entre as igrejas ditas evangélicas, a que se mostra mais extravagante em suas apresentações performáticas, atrai maior número de indivíduos. Estas pessoas agregadas se tornam sugestionáveis pelo ambientes, pelas repetições de comandos dado, pelos gritos e pulos dados pelo pregador sobre a plataforma, então estas elas passam a sapatear, marchar, balançar braços e corpos freneticamente num ataque histérico, histeria esta que contagia muitos ao redor, sendo levados pelo emocionalismo. São línguas estranhas que de tão estranhas são desconhecidas do próprio Deus, repetições de palavras emboladas que nada dizem, pois não tem significado (deixando bem claro a inexorável crença nos dons carismáticos, os quais em nada se relacionam com o frenesi hipnótico e autossugestionável dos cultos neopentecostais).
De maneira mais pudica, existem denominações usadas por Satanás que trabalham no orgulho das pessoas, em seus desejos de serem destaques na era em que vivem, traçando metas no cumprimento de suas cartilhas onde a meritocracia determina os títulos e cargos que cada um pode alcançar. No oferecer de ocupações dentro das igrejas, faz o individuo acreditar que a vida cristã é vivida quando este atende satisfatoriamente as exigências de seus líderes. Muitos destes não se preocupam com o que Jesus requer deles, mas se preocupam em agradar seus líderes, sendo chamados a frente e recebendo honras por terem agido de maneira que pudesse atender os próprios desejos de seus corações. Mas tudo em nome de Deus.
Não teria fim as citações de diversos acontecimentos questionáveis dentro das denominações evangélicas, todos estes ganham forças e se multiplicam no uso de técnicas específicas que dominam o comportamento coletivo. Os fenômenos psíquicos nas comunidades evangélicas do Brasil ganharam forma de evangelho, de mover do Espírito, mas na verdade são sofismas que só expressam o quanto desviada de Deus está a igreja brasileira.

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;
Portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro; porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes se esconderá.
Ai dos que querem esconder profundamente o seu propósito do Senhor, e fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos conhece?
Vós tudo perverteis, como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Não me fez; e o vaso formado dissesse do seu oleiro: Nada sabe.” 
Isaías 29:13-16
        
REFERÊNCA BIBLIOGRÁFICA

Bíblia The Word

LE BON, Gustave. Psicologia das Multidões. Universidade da França, 1985. Edição Roger Delarux. 1980, para a língua portuguesa.

FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e Análise do Eu. Textos de 1920 a 1923.